[Talk-br] Ruas residenciais em subúrbios: residential ou living_street?

Wille wille em wille.blog.br
Quinta Janeiro 9 00:18:29 UTC 2014


Minha opinião é que se a calçada existe e não há determinação dizendo 
que a via é compartilhada, não deveria ser classificada como living_street

Ontem na thread iniciada por Fernando sugeri o critério de 1m de largura 
mínima para a calçada, mas tenho me questionado se seria adequado, pois 
de fato a calçada existe. Talvez seja mais apropriado usar uma tag como 
a wheelchair para indicar se a calçada é adequada ou não, pois, como 
Fernando falou no final do email dele, se passarmos a usar muito 
living_street para ruas que não são oficialmente compartilhadas, essa 
tag vai acabar perdendo o valor, pois quem olhar o mapa nunca vai saber 
se é realmente permitido caminhar na rua ou não.

Em Londres, em uma rua bem estreita com um calçada de alguns centímetros 
em uma área que não chega a ser residencial, mas que tem umas lojinhas, 
foi utilizado a highway=unclassified

http://www.openstreetmap.org/way/4260278

Foto no street view http://goo.gl/maps/7YNBT



On 08-01-2014 18:12, Fernando Trebien wrote:
> Questão difícil e cheia de detalhes. Resolvi fazer uma comparação de 4
> casos e acabou ficando meio longa (mas relativamente bem justificada
> eu acho).
>
> Caso 1: http://goo.gl/maps/C46RZ
> Caso 2: http://goo.gl/maps/Lu5xi (o mesmo que você mandou)
> Caso 3: http://goo.gl/maps/rmQ6p
> Caso 4: http://goo.gl/maps/Z0JZg
>
> Características de cada um:
> Caso 1 (residencial ideal): calçadas amplas, regulares e sem carros
> estacionados nelas, pedestres (provavelmente) andam somente na calçada
> Caso 2 (residencial com uso impróprio): calçadas amplas, regulares e
> com carros estacionados nelas, pedestres se dividem (~50%-50%) entre
> calçada e pista, próximo ao meio fio
> Caso 3 (residencial com estrutura imprópria): calçadas estreitas,
> bastante regulares até, sem a possibilidade de estacionar carros mas
> com outros obstáculos temporários, pedestres andam na pista por padrão
> Caso 4 (reapropriação por pedestres sem motivos estruturais): calçadas
> amplas, regulares, sem carros estacionados nelas, pedestres andam a
> maioria na calçada mas há muitos na pista (muito mais que o normal) e
> não andam nela junto ao meio-fio
>
> Anteriormente, eu teria classificado os casos 3 e 4 como living
> street. Pelas nossas discussões recentes, seria apenas o caso 3. A sua
> questão é sobre incluir o caso 2.
>
> Algumas observações gerais:
> 1. O caso 1 (residencial ideal) poderia ser semelhante ao caso 2
> (residencial com uso inadequado) e vice-versa caso a observação da via
> fosse feita em outro momento. Mas ok, podemos adotar alguns limites
> pra neutralizar esse efeito (como horário comercial, dia útil e fora
> da época de férias).
> 2. É ilegal estacionar na calçada (e, de fato, é incomum por aqui),
> mas as autoridades no Rio aparentemente são coniventes com a infração.
> Então, na prática, há de fato diferença significativa entre o caso 2 e
> o caso 1.
>
> Do ponto de vista do pedestre:
> 1. A atitude geral é de que o pedestre é dono da pista nos casos 3 e
> 4. São casos em que o pedestre raramente se apressaria pra sair do
> caminho para dar lugar a um veículo.
> 2. No caso 2, o pedestre já fica próximo a calçada pra voltar a ela
> caso um veículo passe por ele ou precise estacionar.
> 3. Opinião pessoal (não factual): no caso 2, apesar de ser ilegal, e
> de ser inconveniente, um pedestre ainda poderia optar por andar pela
> calçada e ser quase totalmente feliz com essa escolha, exceto em
> poucos lugares. Eu não sentiria a necessidade de andar na pista exceto
> em uns poucos lugares. O mesmo se aplica ao caso 4, onde não sentiria
> a necessidade de andar na pista nunca. Nesses dois casos, acredito que
> um turista preferiria andar pela calçada, e estaria seguro nela, com
> poucos inconvenientes.
>
> Do ponto de vista de um motorista e também de um ciclista:
> 1. O trânsito nos casos 1 e 2 é essencialmente livre, embora haja mais
> risco de acidente no caso 2. O trânsito nos casos 3 e 4 é
> essencialmente compartilhado com o pedestre. A velocidade média nos
> casos 1 e 2 é quase igual, mas significativamente menor nos casos 3 e
> 4.
> 2. No caso 2, é razoável presumir que um pedestre, na grande maioria
> dos casos, daria lugar a um veículo assim que percebesse a sua
> presença. Isso não isenta o motorista/ciclista de tomar cuidado, mas o
> número de vezes em que ele precisaria diminuir a velocidade porque há
> muitas pessoas no seu caminho é bem pequeno. (Pelo menos é assim aqui,
> não sei aí, talvez descubra nos próximos dias.)
> 3. Nos casos 3 e 4, é imprudente assumir que o pedestre sairá do
> caminho; fazer isso certamente levaria a vários acidentes em
> sequência.
>
> Do ponto de vista de uma pessoa em cadeira de rodas:
> 1. As calçadas são ótimas, quase excelentes no caso 1.
> 2. As calçadas não são muito boas no caso 2 e seria necessário usar a
> pista para contornar alguns obstáculos.
> 3. No caso 3, é difícil pensar que a calçada seria útil em qualquer trecho.
> 4. Se estivesse andando pela pista no caso 4, é muito provável que um
> motorista esperaria o cadeirante passar. Mas também é improvável que o
> cadeirante entre na pista, já que seria difícil sair dela depois.
> Digamos que não fosse, ainda assim acho improvável que ele o fizesse
> porque seria bem menos seguro.
>
> O que acho do impacto de considerar o caso 2 como living street:
> - muitas ruas no Rio passariam a ter essa classificação, talvez
> resultaria em mais living streets do que em residenciais (isso não é
> necessariamente ruim)
> - elas seriam essencialmente igualadas ao caso 3, mas acho que para os
> usuários acima (pedestre, motorista, ciclista e cadeirante) ela se
> assemelha mais ao caso 1
>
> Qual o impacto de não fazer isso:
> - poucas ruas seriam living streets, e a maioria ocorreria nas regiões
> menos favorecidas - mas devido a problemas estruturais, não por
> discriminação; politicamente, acho que isso poderia ter o efeito de
> pressionar as autoridades a dar a devida atenção às ruas que mais
> precisam de reformas infraestruturais (ou, quem sabe, a transformação
> em outro tipo de rua, como em "vias de espaço compartilhados" oficiais
> ou talvez em calçadões)
> - não haveria diferenciação entre os casos 1 e 2, mas acho bem
> provável que essa diferença seja, para a maioria das pessoas, bem
> menor do que a diferença entre os casos 2 e 3
>
> Pelos parâmetros com os quais andamos concordando recentemente, o caso
> 4 não seria uma living street. De todos os casos, é o que menos me
> preocupa porque é raro e porque um critério objetivo seria bem difícil
> de se conseguir.
>
> Considerando tudo isso, eu classificaria como residential os casos 1 e
> 2, e como living street os casos 3 e 4, mas aceitaria classificar o
> caso 4 como residential.
>
> Existe um 5o caso a considerar agora: o das vias que oficialmente são
> designadas como espaço compartilhado. Nessas, não há dúvida que seriam
> living streets. O problema é não distingui-las das demais situações.
> Ainda estou pensando sobre isso - talvez devamos pleitear uma
> renderização diferente para ruas sem calçada larga ou com
> wheelchair=limited/no.
>
> 2014/1/8 Arlindo Pereira <openstreetmap em arlindopereira.com>:
>> Em determinados ruas residenciais dos subúrbios, pelo menos aqui no Rio de
>> Janeiro, há a tendência de transformar a calçada (ainda que larga, em alguns
>> casos de 3 a 5m) em extensão do terreno de casa, aonde o proprietário da
>> casa comumente estaciona seu automóvel sobre ela, de forma que os pedestres
>> geralmente andam pela rua mesmo. Em geral essas ruas são asfaltadas, de mão
>> dupla, com limite de 30km/h (às vezes 20), com limitadores de velocidade
>> (aqui no RJ chamamos de "quebra-mola"), esse tipo de coisa. Deixa eu dar um
>> exemplo pertinho de onde moro:
>>
>> http://goo.gl/maps/Lu5xi
>>
>> Repare que a senhora está andando na rua, apesar de ter espaço na calçada,
>> simplesmente porque a calçada é utilizada como estacionamento (além de ser
>> mais irregular que o asfalto).
>>
>> Por enquanto, esta rua está mapeada como highway=residential:
>>
>> http://www.openstreetmap.org/way/190858955#map=17/-22.82430/-43.30629
>>
>> Mas eu penso em trocar para highway=living_street, uma vez que para mim ela
>> se configura uma situação completamente diferente de ruas residenciais em
>> outras partes da cidade, a citar como exemplo a Rua Silveira Martins, no
>> Catete:
>>
>> http://goo.gl/maps/8JhRw
>>
>> Note que apesar da calçada ser até mais estreita, todos os pedestres
>> trafegam nela; todos os automóveis estão estacionados na faixa de
>> estacionamento, não sobre a calçada. Vejam esta rua no OSM:
>>
>> http://www.openstreetmap.org/way/5136166#map=18/-22.92606/-43.17666
>>
>> Na sua opinião, o primeiro tipo de via deveria ser classificada como
>> highway=living_street? Por que?
>>
>>
>> []s
>> Arlindo
>>
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