[Talk-br] Ruas residenciais em subúrbios: residential ou living_street?

Fernando Trebien fernando.trebien em gmail.com
Quinta Janeiro 9 13:28:30 UTC 2014


Algo parecido já foi discutido para as medinas do Marrocos:
https://help.openstreetmap.org/questions/7486/narrow-streets-in-old-cities

Ali parece que o que mais satisfez o mapeador foi usar service=alley
no lugar de highway=living_street pra esses casos. Poderíamos adaptar
a definição à realidade brasileira. Daí a tradução literal de alley
corresponderia à descrição que damos em português: beco.

Definição de alley: "An alley or alleyway is a narrow service road
usually located between properties to provide access things such as
back gardens, rear entrances, fire exits, and storage areas. Alleys
are normally found in urban areas, and often run between the rear
sides of buildings such as houses, and commercial premises. "

Como poderia ficar pra nós: é uma via de serviço entre propriedades ou
um logradouro com calçamento inadequado e/ou passagem difícil para
veículos, frequentemente com pedestres na pista.

2014/1/9 Fernando Trebien <fernando.trebien em gmail.com>:
> Pois é, esse novo fato me deixa num dilema.
>
> Sinto que mais pessoas se interessaram pela idéia de demarcar residenciais
> de forma especial quando a sua estrutura favorecer o perigo de ter pedestres
> no caminho dos carros. Talvez tenhamos que trilhar o caminho das pedras e
> propor mais um valor pra tag highway. Seria interessante descobrir se as
> comunidades de outros países com problemas similares se interessariam.
>
> On Jan 8, 2014 10:19 PM, "Wille" <wille em wille.blog.br> wrote:
>>
>> Minha opinião é que se a calçada existe e não há determinação dizendo que
>> a via é compartilhada, não deveria ser classificada como living_street
>>
>> Ontem na thread iniciada por Fernando sugeri o critério de 1m de largura
>> mínima para a calçada, mas tenho me questionado se seria adequado, pois de
>> fato a calçada existe. Talvez seja mais apropriado usar uma tag como a
>> wheelchair para indicar se a calçada é adequada ou não, pois, como Fernando
>> falou no final do email dele, se passarmos a usar muito living_street para
>> ruas que não são oficialmente compartilhadas, essa tag vai acabar perdendo o
>> valor, pois quem olhar o mapa nunca vai saber se é realmente permitido
>> caminhar na rua ou não.
>>
>> Em Londres, em uma rua bem estreita com um calçada de alguns centímetros
>> em uma área que não chega a ser residencial, mas que tem umas lojinhas, foi
>> utilizado a highway=unclassified
>>
>> http://www.openstreetmap.org/way/4260278
>>
>> Foto no street view http://goo.gl/maps/7YNBT
>>
>>
>>
>> On 08-01-2014 18:12, Fernando Trebien wrote:
>>>
>>> Questão difícil e cheia de detalhes. Resolvi fazer uma comparação de 4
>>> casos e acabou ficando meio longa (mas relativamente bem justificada
>>> eu acho).
>>>
>>> Caso 1: http://goo.gl/maps/C46RZ
>>> Caso 2: http://goo.gl/maps/Lu5xi (o mesmo que você mandou)
>>> Caso 3: http://goo.gl/maps/rmQ6p
>>> Caso 4: http://goo.gl/maps/Z0JZg
>>>
>>> Características de cada um:
>>> Caso 1 (residencial ideal): calçadas amplas, regulares e sem carros
>>> estacionados nelas, pedestres (provavelmente) andam somente na calçada
>>> Caso 2 (residencial com uso impróprio): calçadas amplas, regulares e
>>> com carros estacionados nelas, pedestres se dividem (~50%-50%) entre
>>> calçada e pista, próximo ao meio fio
>>> Caso 3 (residencial com estrutura imprópria): calçadas estreitas,
>>> bastante regulares até, sem a possibilidade de estacionar carros mas
>>> com outros obstáculos temporários, pedestres andam na pista por padrão
>>> Caso 4 (reapropriação por pedestres sem motivos estruturais): calçadas
>>> amplas, regulares, sem carros estacionados nelas, pedestres andam a
>>> maioria na calçada mas há muitos na pista (muito mais que o normal) e
>>> não andam nela junto ao meio-fio
>>>
>>> Anteriormente, eu teria classificado os casos 3 e 4 como living
>>> street. Pelas nossas discussões recentes, seria apenas o caso 3. A sua
>>> questão é sobre incluir o caso 2.
>>>
>>> Algumas observações gerais:
>>> 1. O caso 1 (residencial ideal) poderia ser semelhante ao caso 2
>>> (residencial com uso inadequado) e vice-versa caso a observação da via
>>> fosse feita em outro momento. Mas ok, podemos adotar alguns limites
>>> pra neutralizar esse efeito (como horário comercial, dia útil e fora
>>> da época de férias).
>>> 2. É ilegal estacionar na calçada (e, de fato, é incomum por aqui),
>>> mas as autoridades no Rio aparentemente são coniventes com a infração.
>>> Então, na prática, há de fato diferença significativa entre o caso 2 e
>>> o caso 1.
>>>
>>> Do ponto de vista do pedestre:
>>> 1. A atitude geral é de que o pedestre é dono da pista nos casos 3 e
>>> 4. São casos em que o pedestre raramente se apressaria pra sair do
>>> caminho para dar lugar a um veículo.
>>> 2. No caso 2, o pedestre já fica próximo a calçada pra voltar a ela
>>> caso um veículo passe por ele ou precise estacionar.
>>> 3. Opinião pessoal (não factual): no caso 2, apesar de ser ilegal, e
>>> de ser inconveniente, um pedestre ainda poderia optar por andar pela
>>> calçada e ser quase totalmente feliz com essa escolha, exceto em
>>> poucos lugares. Eu não sentiria a necessidade de andar na pista exceto
>>> em uns poucos lugares. O mesmo se aplica ao caso 4, onde não sentiria
>>> a necessidade de andar na pista nunca. Nesses dois casos, acredito que
>>> um turista preferiria andar pela calçada, e estaria seguro nela, com
>>> poucos inconvenientes.
>>>
>>> Do ponto de vista de um motorista e também de um ciclista:
>>> 1. O trânsito nos casos 1 e 2 é essencialmente livre, embora haja mais
>>> risco de acidente no caso 2. O trânsito nos casos 3 e 4 é
>>> essencialmente compartilhado com o pedestre. A velocidade média nos
>>> casos 1 e 2 é quase igual, mas significativamente menor nos casos 3 e
>>> 4.
>>> 2. No caso 2, é razoável presumir que um pedestre, na grande maioria
>>> dos casos, daria lugar a um veículo assim que percebesse a sua
>>> presença. Isso não isenta o motorista/ciclista de tomar cuidado, mas o
>>> número de vezes em que ele precisaria diminuir a velocidade porque há
>>> muitas pessoas no seu caminho é bem pequeno. (Pelo menos é assim aqui,
>>> não sei aí, talvez descubra nos próximos dias.)
>>> 3. Nos casos 3 e 4, é imprudente assumir que o pedestre sairá do
>>> caminho; fazer isso certamente levaria a vários acidentes em
>>> sequência.
>>>
>>> Do ponto de vista de uma pessoa em cadeira de rodas:
>>> 1. As calçadas são ótimas, quase excelentes no caso 1.
>>> 2. As calçadas não são muito boas no caso 2 e seria necessário usar a
>>> pista para contornar alguns obstáculos.
>>> 3. No caso 3, é difícil pensar que a calçada seria útil em qualquer
>>> trecho.
>>> 4. Se estivesse andando pela pista no caso 4, é muito provável que um
>>> motorista esperaria o cadeirante passar. Mas também é improvável que o
>>> cadeirante entre na pista, já que seria difícil sair dela depois.
>>> Digamos que não fosse, ainda assim acho improvável que ele o fizesse
>>> porque seria bem menos seguro.
>>>
>>> O que acho do impacto de considerar o caso 2 como living street:
>>> - muitas ruas no Rio passariam a ter essa classificação, talvez
>>> resultaria em mais living streets do que em residenciais (isso não é
>>> necessariamente ruim)
>>> - elas seriam essencialmente igualadas ao caso 3, mas acho que para os
>>> usuários acima (pedestre, motorista, ciclista e cadeirante) ela se
>>> assemelha mais ao caso 1
>>>
>>> Qual o impacto de não fazer isso:
>>> - poucas ruas seriam living streets, e a maioria ocorreria nas regiões
>>> menos favorecidas - mas devido a problemas estruturais, não por
>>> discriminação; politicamente, acho que isso poderia ter o efeito de
>>> pressionar as autoridades a dar a devida atenção às ruas que mais
>>> precisam de reformas infraestruturais (ou, quem sabe, a transformação
>>> em outro tipo de rua, como em "vias de espaço compartilhados" oficiais
>>> ou talvez em calçadões)
>>> - não haveria diferenciação entre os casos 1 e 2, mas acho bem
>>> provável que essa diferença seja, para a maioria das pessoas, bem
>>> menor do que a diferença entre os casos 2 e 3
>>>
>>> Pelos parâmetros com os quais andamos concordando recentemente, o caso
>>> 4 não seria uma living street. De todos os casos, é o que menos me
>>> preocupa porque é raro e porque um critério objetivo seria bem difícil
>>> de se conseguir.
>>>
>>> Considerando tudo isso, eu classificaria como residential os casos 1 e
>>> 2, e como living street os casos 3 e 4, mas aceitaria classificar o
>>> caso 4 como residential.
>>>
>>> Existe um 5o caso a considerar agora: o das vias que oficialmente são
>>> designadas como espaço compartilhado. Nessas, não há dúvida que seriam
>>> living streets. O problema é não distingui-las das demais situações.
>>> Ainda estou pensando sobre isso - talvez devamos pleitear uma
>>> renderização diferente para ruas sem calçada larga ou com
>>> wheelchair=limited/no.
>>>
>>> 2014/1/8 Arlindo Pereira <openstreetmap em arlindopereira.com>:
>>>>
>>>> Em determinados ruas residenciais dos subúrbios, pelo menos aqui no Rio
>>>> de
>>>> Janeiro, há a tendência de transformar a calçada (ainda que larga, em
>>>> alguns
>>>> casos de 3 a 5m) em extensão do terreno de casa, aonde o proprietário da
>>>> casa comumente estaciona seu automóvel sobre ela, de forma que os
>>>> pedestres
>>>> geralmente andam pela rua mesmo. Em geral essas ruas são asfaltadas, de
>>>> mão
>>>> dupla, com limite de 30km/h (às vezes 20), com limitadores de velocidade
>>>> (aqui no RJ chamamos de "quebra-mola"), esse tipo de coisa. Deixa eu dar
>>>> um
>>>> exemplo pertinho de onde moro:
>>>>
>>>> http://goo.gl/maps/Lu5xi
>>>>
>>>> Repare que a senhora está andando na rua, apesar de ter espaço na
>>>> calçada,
>>>> simplesmente porque a calçada é utilizada como estacionamento (além de
>>>> ser
>>>> mais irregular que o asfalto).
>>>>
>>>> Por enquanto, esta rua está mapeada como highway=residential:
>>>>
>>>> http://www.openstreetmap.org/way/190858955#map=17/-22.82430/-43.30629
>>>>
>>>> Mas eu penso em trocar para highway=living_street, uma vez que para mim
>>>> ela
>>>> se configura uma situação completamente diferente de ruas residenciais
>>>> em
>>>> outras partes da cidade, a citar como exemplo a Rua Silveira Martins, no
>>>> Catete:
>>>>
>>>> http://goo.gl/maps/8JhRw
>>>>
>>>> Note que apesar da calçada ser até mais estreita, todos os pedestres
>>>> trafegam nela; todos os automóveis estão estacionados na faixa de
>>>> estacionamento, não sobre a calçada. Vejam esta rua no OSM:
>>>>
>>>> http://www.openstreetmap.org/way/5136166#map=18/-22.92606/-43.17666
>>>>
>>>> Na sua opinião, o primeiro tipo de via deveria ser classificada como
>>>> highway=living_street? Por que?
>>>>
>>>>
>>>> []s
>>>> Arlindo
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