[Talk-br] OSM e TrackSource

Wille wille em wille.blog.br
Sábado Agosto 24 00:50:47 UTC 2013


Não vejo o fato de o cadastro no OSM ser tão desburocratizado como um 
grande problema. É bom lembrar que a wikipédia, apesar de ter várias 
ferramentas de moderação, permite que se edite uma página sem nem fazer 
o login.

Acho interessante que uma pessoa possa fazer um cadastro rápido e 
acrescentar o nome da rua onde mora ou meia dúzia de POIs que ela 
conheça ou até corrigir alguma informação errada. São pequenas 
colaborações, mas que, multiplicado por um grande número de usuários, 
podem fazer a diferença e chegar em lugares que talvez nenhum mapeador 
experiente chegaria. O que a gente precisa é que os softwares de edição 
sejam mais inteligentes e tenham uma validação mais rígida para não 
permitir certos erros.

O ônus de poder contar com a colaboração de qualquer pessoa, é que a 
gente tenha que investir um certo tempo corrigindo os erros dos novos 
contribuidores. É assim para o OSM, para a Wikipédia, para projetos de 
software livre ou qualquer outra atividade colaborativa.


On 23-08-2013 19:00, Vitor George wrote:
> Oi Gerald,
>
> Meus comentários abaixo.
>
> 2013/8/23 Gerald Weber <gweberbh em gmail.com <mailto:gweberbh em gmail.com>>
>
>
>
>         Para se abrir uma empresa no Brasil, por exemplo, são exigidos
>         vários documentos e procedimentos, o que toma muito tempo (e
>         dinheiro). Esta burocracia, criada na maior das boas
>         intenções, no final das contas não garante que as empresas vão
>         agir dentro da lei, pelo contrário, e acaba-se gerando uma
>         ineficiência econômica.
>
>         Já em países desenvolvidos é fácil você abrir uma empresa. Em
>         questão de dias você pode fazê-lo, mas estará em sérios
>         problemas se sua empresa for pega cometendo uma
>         irregularidade. Muito diferente do que em nosso país.
>
>
>     Olha, desculpa, mas não vou embarcar nesta conversa de "em países
>     desenvolvidos" tudo é mais fácil. Trabalhei por muitos anos no
>     exterior, sei que não é assim. Algumas coisas são, outras não.
>
>
> Eu não disse que tudo é mais fácil em países desenvolvidos. O que eu 
> disse que há menos burocracia no exemplo que dei.
>
>
>
>         A filosofia do OpenStreetMap segue a mesma linha
>         anti-burocrática. Qualquer um pode editar, bastando uma conta
>         de e-mail e a concordância com os Termos do Contribuidor
>         (Contributor Terms). Mas se um usuário for pego fazendo
>         edições nocivas, poderá sofrer sanções e até ser banido do
>         projeto. Veja a lista dos usuários nesta situação:
>
>         http://www.openstreetmap.org/user_blocks
>         <http://www.openstreetmap.org/user_blocks>
>
>
>     Me desculpe, mas as sanções que o usuário sofre são ridículas. É
>     bloqueado até que leia a mensagem (em inglês). Uau, que medo. Veja
>     o caso o Matheus Eduardo. E se for bloqueado? É só abrir outra
>     conta no dia seguinte. A lista: só isto de contas bloqueadas? Tem
>     1.3 milhões de usuários no OSM!!
>
>
> Eu monitoro todas as edições do Matheus Eduardo e de outros 
> automaticamente pelo feed da página de usuários, e até agora não 
> percebi novos problemas. O banimento do projeto me parece suficiente. 
> Se o usuário abrir uma conta no dia seguinte, ele vai provavelmente 
> ser pego novamente. Pode ser virar um jogo de gato e rato, mas uma 
> hora um dos dois vai cansar, e eu acho que vai ser o infrator. Enfim, 
> nenhum sistema é a prova de falhas.
>
> O OSM tem esse número que você falou de usuários registrados, mas no 
> Brasil deve ter uns quatro mil colaboradores que editaram o mapa. Não 
> é tanta gente assim pra monitorar.
>
>
>
>         Não é nada difícil identificar padrões de vandalismo, uso de
>         dados com copyright e outras edições nocivas. Quando um
>         usuário manda uma cidade inteira para dentro do OpenStreetMap,
>         é bastante fácil perceber. Talvez não se perceba no mesmo
>         momento que o usuário fez, como foi o caso do Erick, mas
>         sempre é possível voltar atrás nas edições. Todos os casos de
>         edições nocivas que você citou podem ser revertidas sem nenhum
>         problema ao serem identificadas.
>
>
>
>     Pode não ser nada difícil, mas também não é nada fácil. Se a gente
>     recebesse alertas de que dados nossos foram apagados já seria um
>     grande avanço. A gente poderia por exemplo estabelecer no perfil
>     que sempre que mais que X nós forem apagados ou alterados a gente
>     recebesse um email. Sei lá algo, do gênero. Isto é algo que tem
>     que vir de dentro do sistema do OSM, não pode ser um script maluco
>     no whodidit ou coisas do gênero.
>
>
> Uma ferramenta que é bastante fácil de usar é o OSM Mapper da ITO:
>
> http://www.itoworld.com/static/openstreetmap_tools/osm_mapper.html
>
> Basta selecionar a região que vc quer monitorar e ele gerará um feed e 
> visualizações das edições. Aí já dá para pegar bastante coisa 
> inconveniente. Recomendo muito esta ferramenta.
>
>
>         A gente reclama tanto sobre a cultura burocrática do nosso
>         país, mas quando nos é oferecida a liberdade, parece que não
>         sabemos o que fazer. Por isso precisamos ficar bastante
>         atentos a possíveis desvios. Estou percebendo que está
>         chegando bastante do Tracksource, e acho importante que
>         trabalhemos para que estas pessoas assimilem a cultura do
>         OpenStreetMap e ajudem a construir o melhor mapa do mundo.
>
>
>     Na verdade nosso pais não é burocrático, é desorganizado. A
>     burocracia é consequência inevitável desta desorganização.
>
>     Agora no OSM a parte das licenças é burocrática e cheia de dedos.
>     Não pode isto, não pode aquilo. Se quiser fazer não-sei-o-que tem
>     que conversar com a comunidade X depois com a lista Y e depois com
>     Z. Em algum lugar temos um conflito de culturas, não temos?
>
>     Tem hora que confesso que me dá uma pontinha de inveja do
>     TrackSource. Eles não estão nem aí, usam o Google e nem disfarçam,
>     enfim fazem o que querem. E sabe o que vai acontecer? Nada.
>     Absolutamente nada. E nenhum maluco entra na base deles de um dia
>     para outro e sai mexendo nas coisas. Não me entenda mal, eu sou
>     contra copiar se a gente não tem autorização, por isto sou
>     Linux-only há 13 anos, e por isto decidi não participar do
>     Tracksource. Mas eles sim é que não tem qualquer burocracia, e
>     olha que são um projeto brasileiro. E do ponto de vista de mapa o
>     deles dá de 10 a 0 no nosso OSM/Brasil.
>
>
> Até onde sei, no Tracksource você tem que cumprir requisitos para pode 
> editar uma área, ser autorizado pelo DM, etc. Me parece bastante 
> burocrático. O mapa deles pode ser bom, mas a sua aplicação é bastante 
> limitada pela questão da licença e do copyright. Se um dia o Google 
> resolver fazer um pente-fino no mapa deles, não sei se sobra muita coisa.
>
>
>     Da minha parte não estou propondo burocracia nenhuma. Apenas estou
>     apontando que há duas componentes mutuamente exclusivas. De um
>     lado querer um purismo absoluto com a origem dos dados (não pode
>     nem olhar de longe pro Google), e do outro aceitar 1 milhão de
>     usuários anônimos fazendo o que bem entendem com da base. Isto não
>     tem como funcionar.
>
>
> Eu entendo que você não está propondo burocracia, Gerald. Só não 
> gostaria mais ouvir a palavra Google nesta lista de discussão. :)
>
> A gente pode até ser mais flexível com dados do governo, que deveriam 
> ser de domínio público por padrão, mas qualquer coisa do Google está 
> fora de questão. E esse é o maior risco de cópia, porque é 
> extremamente fácil de fazer, e o Google ainda é mais completo na 
> maioria cidades.
>
> Você é uma pessoa que faz edições da sua localidade, envia tracks de 
> GPS, é preocupado. Mas existem usuários que só querem saber de mapear 
> da cadeira e vão copiar na primeira chance. Não podemos passar a 
> imagem de que vamos ser condizentes com isso.
>
>     No meu entender o maior problema que afeta o OSM hoje é a
>     confiabilidade dos dados. Não vejo como obter
>     esta confiabilidade com uma base de usuários
>     anônimos-de-poderes-ilimitados. Sempre que eu viajo eu levo uma
>     cópia do mapa do Brasil no Osmand. Toda vez encontro partes que eu
>     mesmo mapeei mexidas e alteradas, muitas vezes erradas. Daí entro
>     em contato com o usuário que alterou e raras vezes recebo alguma
>     resposta.
>
>     Olha isto cansa. Cansa e desanima. Eu gostaria que o OSM desse
>     tanta importância à proteção dos dados já existentes, de usuários
>     identificados, honestos e tecnicamente capazes como dá importância
>     a preservar a identidade de usuários anônimos e se importar com
>     firulas inatigíveis de licenças.
>
>     O que eu penso que precisa acontecer seria o seguinte:
>
>     1) O usuário cadastra, e ao menos teria de fornecer um nome real e
>     um endereço de correspondência. Isto não é burocracia, é o mínimo
>     do mínimo do mínimo de controle. Eu também não teria nada contra
>     um sistema de endosso como tem no Arxiv, é simples e eficaz.
>
>     2) O usuário é automaticamente cadastrado numa das listas de
>     discussão (não entendo porque já não é assim), boa parte dos
>     problemas são de usuários que não se comunicam com a gente.
>
>     3) O usuário começa com poderes limitados para editar. Por exemplo
>     não pode apagar dados por algum tempo, não pode submeter um
>     changelog com um conjunto grande de dados (para evitar importações
>     problemáticas) enfim coisas do gênero. Isto seria até para a
>     proteção do próprio usuário novato (e bem intecionado) que se
>     sentiria mais seguro para fazer edições sabendo que não vai causar
>     estragos por desconhecimento.
>
>     4) Estabelecer uma lista de tags source, e obrigar a escolher uma
>     delas. Ou seja, deveria ser *impossível* salvar qualquer dado sem
>     source. Se nenhuma das opções pré-existentes atende, abre-se a
>     discussão e registra-se novas opções de origem de dados. Imagine o
>     seguinte: chega o usuário novo e pega uma coisa do Google e tenta
>     colocar na base, aí ele é obrigado a escolher uma source
>     pré-definida e não aparece "Google", no mínimo vai desconfiar, não
>     vai? Quantos usuários já colocaram dados do Google na melhor das
>     intenções, até colocam source=Google?
>
>     Ou seja, ou é isto, ou então se aceita que a base de dados do OSM
>     será uma eterna colcha de retalhos de dados que vieram sabe-se lá
>     de onde, e aceita-se que os dados do OSM não são confiáveis já que
>     em qualquer momento alguém pode vir e apagar uma relação crucial
>     ou apagar ou introduzir dados falsos.
>
>     É uma questão que o OSM vai ter que tratar se quiser sobreviver e
>     não cair na irrelevância. A wikipedia custou mas teve de fazer
>     isto e não vejo como nós podemos continuar sendo cegos para o
>     problema.
>
>
> Concordo plenamente que temos que melhorar a qualidade dos dados.
>
> As suas sugestões são boas, mas aí eu acho que teria que ser discutido 
> na lista geral do OSM.
>
> Localmente, acho que o caminho é desenvolver mais ferramentas de 
> melhoria de qualidade, como aquela que calculava conexões. Faz tempo 
> que não publico, mas posso voltar a fazer se quiserem. Aqui na lista 
> está cheio de programador, seria bom se existissem mais script, sites, 
> apps que ajudem a melhorar o mapa no Brasil.
>
> Abraço,
> Vitor
>
>
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